segunda-feira, 3 de março de 2008

Polidez!

A polidez é a primeira virtude e, quem sabe, a origem de todas. É também a mais pobre, a mais superficial, a mais discutível. [...] virtude de etiqueta.

Se a polidez é um valor, o que não se pode negar, é um valor ambíguo, em si insuficiente – pode encobrir tanto o melhor, como o pior – e, como tal, quase suspeito. [...] O canalha polido poderia facilmente ser cínico, aliás, sem por isso faltar nem com a polidez nem com a maldade.

Porque dizer [...] que ela é a primeira, e talvez a origem de todas? [...] A origem de todas não poderia ser uma (pois, nesse caso, esta mesma suporia uma origem e origem não poderia ser), e talvez seja próprio da essência das virtudes a primeira delas não ser virtuosa.

Por que primeira? Falo segundo a ordem do tempo e para o indivíduo. O recém-nascido não tem moral, nem pode ter. Tampouco o bebê e, por um bom tempo, a criança. O que esta descobre, em compensação, e bem cedo, são as proibições.

Há o que é permitido e o que é proibido, o que se faz e o que não se faz. Bem? Mal?

[...] distinção entre o que é ético e o que é estético só virá mais tarde.

[...] “o homem só torna-se homem pela educação”, reconhece por sinal Kant, “ele é apenas o que a educação faz dele”, e é a disciplina que primeiro “transforma a animalidade em humanidade”.

A moral começa, pois, no ponto mais baixo – pela polidez – [...] Nenhuma virtude é natural; logo é preciso torna-se virtuoso. “As coisas que é preciso ter aprendido para fazê-las”, explicava Aristóteles, “é fazendo que aprendemos”. Como fazê-las, porém, sem as ter aprendido? Há um círculo vicioso aqui, do qual só podemos sair pelo a priori ou pela polidez. [...] “É praticamente as ações justas que nos tornamos justos”, continuava Aristóteles, “praticamente as ações moderadas que nos tornamos moderados e praticando as ações corajosas que nos tornamos corajosos”.

É imitando a virtude que nos tornamos virtuosos: “pelo fato de os homens representarem esses papéis”, escreve Kant, “as virtudes, das quais por muito tempo eles só tomam a aparência concertada, despertam pouco a pouco e incorporaram-se a seu modos”.

A polidez nada mais é do que ginástica de expressão.

A polidez é uma pequena coisa, que prepara grandes coisas.

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TURMA 2J

Esse foi o semestre vivido pela turma 2J de jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie (1º semestre de 2008).

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Carlos Eduardo Xavier

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Atendo pelo nome Carlos Eduardo Xavier. Nasci em Assis (SP) no dia 17/12/1987 e logo me mudei para Cerejeiras (RO), onde passei minha infância, melhor fase da minha vida. Novamente em Assis, termino a escola e o colegial. Vou morar na Itália, onde passo um ano convivendo com pessoas de mais de 100 nacionalidades. Em Loppiano (Firenze - Itália) é que aprendi a viver o que a vida sempre me ensinou. Assis pela terceira vez me recebe, mas por somente seis meses. De lá vou para a capital do estado, onde, agora, faço Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie. MSN... cadu_gen@hotmail.com