domingo, 25 de maio de 2008

Apuração da Notícia - Ficha...

PEREIRA JUNIOR, Luis Costa. A Apuração da Notícia: métodos de investigação na imprensa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

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O jornalismo é um campo de aplicação da ética, mas é também uma disciplina de verificação instrumental. Só fará sentido ne intersecção entre: desempenho técnico [...] e compromisso ético e humanístico.

[...] incorporar o ponto de vista alheio, ver como o outro vê e entender uma realidade que, em geral, não é a sua.

[...] resumimos os eventos, enfatizamos trechos vitais, mudamos a cronologia. [...] a notícia encurta trechos expositivos, estica outros, relembra episódios correlatos ou suprime momentos inteiros, sem dó nem piedade.

Documento não se entrevista, costuma dizer o jornalista Ricardo Noblat, para quem reportagem não pode limitar-se a resumir o conteúdo de relatórios.

Escreve Mouillaud: o "acontecimento" jornalístico por excelência é uma versão que se tornou padrão. O fato - todo ele - é "fato-padrão".

O fato jornalístico é o fenômeno externo ao repórter que depende da forma como ele o percebe.

Eugênio Bucci entende que há três níveis possíveis de transparência no veículo: 1) Do jornalista para consigo mesmo [...]; 2) Do jornalista para com seus colegas e chefes [...]; 3) Do veículo para com o público [...].

O editorial é o espaço reservado à explicitação de posições do veículo.

É possível dar prós e contras e, mesmo assim, omitir fontes esclarecedoras. Posso direcionar o modo como quero qe o leitor entenda o fato já ao dar um título ou ao escrever o lide - afinal, é o primeiro parágrafo que determina o principal a ser destacado.

O jornalista, por princípio, não é só testemunha daquilo que o leitor não pôde ter acesso. É um processador das camadas verificáveis da realidade.

(verificação): triangulação de fontes confirmando a informação de referência;

Pauta que é pauta define o rumo do trabalho, o ângulo, a escolha de uma ou várias nuances do que será apurado, qual o recorte da realidade que a reportagem fará, sob que modo novo será abordada a questão.

Sequência de abordagem das fontes: por ordem de importância; por ordem de crítica.

Qualidade da apuração:
informação precisa, mas insuficiente? Apurar mais
muita informação, mas imprecisa? Fazer checagem
pouca informação e imprecisa? Refazer tudo
informação precisa e abundante? Publicar a matéria

[...] histórias "humanas" fazem mais sentido quando lançam luz sobre situações coletivas, quando relatam o que há de universal no caso. O que implica ampliação do relato para além da situação particular. O individual funciona como lastro do geral e vice-versa.

(Numa entrevista) A lição elementar [...] é a de evitar o improviso. Para obter o máximo de respostas é preciso saber o que se quer, o foco do encontro. Roteiro de perguntas pode ser muito útil. Se houver desvio, permite que se retorne o rumo da prosa, assim que puder.

O uso de gravador: usar gravador em entrevistas tem suas vantagens, como o registro literal das declarações. Usar gravador tem uma penca de desvantagens. A primeira grande desvantagem é a perda da naturalidade do entrevistado, que pensará duas vezes sempre, temeroso das conseqüencias do que disser. Outra desvantagem, em entrevistas longas, em pingue-pongue. Há respostas que vão sendo melhor respondidas no correr do raciocínio ou unindo-se trechos distantes entre si. A transcrição fica muito mais demorada.

(Bennet - entrevistas) Basicamente, há quatro formas mais significativas: 1) com perguntas e respostas (pingue-pongue); 2) com trechos em primeira pessoa e títulos a nomear os temas falados pelo entrevistado; 3) num texto corrido todo em primeira pessoa; 4) num texto corrido com citações entre aspas.

Nenhum entrevistado tem a obrigação de ser comunicador. Nem é obrigado a ter raciocínio lógico e linear, ou habilidade natural para falar. [...] Por isso, a obrigação do jornalista não é ser necessariamente literal as citações, mas reconstruir o diálogo.

Paulo Leminski disse certa vez que até os sentimentos têm história. Formatos de texto também.

Para Cícero, garante Karam, era preciso responder a certas perguntas para fazer com que um discurso ficasse completo: Quem?, O quê?, Onde?, Como?, Quando? e Por quê?.

[...] é o primeiro parágrafo que determina o principal a ser destacado. [...] (Com isso) os profissionais da gráfica, tão longe das salas de redação, não precisavam se dar ao trabalho de ler o material todo.

O uso do lide nas redações de periódicos se disseminou num período em que o veículo jornal era a primeira fonte de informação do público. Hoje, o lide não é mais primazia dos diários impressos. Quem trabalha em rádio, TV ou internet também o usa. Com a vantagem de usá-lo antes dos jornais. É comum o leitor conhecer ontem o sumário das informações impressas só hoje.

UTILIZAÇÃO DA PI (Piramide Invertida - "lide")

Narrar - antes de tudo - é conhecer. Os dois são verbos gêmeos, de matriz. [...] Toda narrativa, portanto, carrega marca de origem. Nasce como fonte de conhecimento. Mas não um conhecimento qualquer.

As pessoas adoram histórias porque, nelas, se espelham. Recorremos à vivência de outros porque somos tantas vezes incapazes de entender o que se passa conosco e o mundo.

Vasta narrativa, apuração interminável: dois problemas para o jornalismo da era da escassez.

Leitor, afinal, sempre será preguiçoso: tolera textos curtos, fica satisfeito com sumários da história e casos rapidamente explicados.

Papel é caro, o minuto do dial também e o tempo de exibição na TV, nem é bom falar.

Sob a navalha rígida do espaço e do tempo, a reportagem contrai seus músculos narrativos. Ela tem fome de espaço editorial e de tempo de execução.

Expressar o máximo com o mínimo, aprofundar a economia narrativa é condição intestina para o jornalismo.

VÁRIOS EXEMPLOS DE REPORTAGEM COM NARRAÇÃO

Para quem vive sobre a urgência do tempo e a escassez de espaço, o inventário narrativo facilita, dá rapidez ao trabalho e faz as reportagens ecoarem temas culturais mais vastos que o episódio relatado.

Em resumo, narrar é um exercício decantado na história dos povos, que carrega consigo dificuldades específicas [...]: Racionais; Intuitivas; Operacionais.

Esses procedimentos clássicos para a criação de narrativas (vide texto) são úteis, mas dependem diretamente da qualidade de informção levantada e checada. [...] O texto virá da apuração. Quanto maior e melhor, mais saboroso será.

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TURMA 2J

Esse foi o semestre vivido pela turma 2J de jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie (1º semestre de 2008).

Escolha o curso no menu ao lado e confira todo o conteúdo das aulas, textos lidos, slides... que foi estudado durante o semestre.

Para receber mais informações sobre os conteúdes, envie e-mail para mackjornalistas@gmail.com

Carlos Eduardo Xavier

Minha foto
Atendo pelo nome Carlos Eduardo Xavier. Nasci em Assis (SP) no dia 17/12/1987 e logo me mudei para Cerejeiras (RO), onde passei minha infância, melhor fase da minha vida. Novamente em Assis, termino a escola e o colegial. Vou morar na Itália, onde passo um ano convivendo com pessoas de mais de 100 nacionalidades. Em Loppiano (Firenze - Itália) é que aprendi a viver o que a vida sempre me ensinou. Assis pela terceira vez me recebe, mas por somente seis meses. De lá vou para a capital do estado, onde, agora, faço Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie. MSN... cadu_gen@hotmail.com